O demônio fala:
Cala a boca desgraçada, reclama
menos e aceita minha farda.
Aceita o açoite que é do açoite
da onde vens, aceita a miséria que é
história que tu tens.
Aceita as paisagens dos teus
genes: desde a escória da violência para
meus reféns ao sangue com a consistência da influencia que tu não reténs.
Cala a boca mal criada. Toma
aqui tua boca cheia de farinha ovo e água e aceita sua ingrata.
Deixa teu povo, acidente de
ainda vivo, ver as miragens de que sou o novo.
Sorria, relaxa, seja feliz. A
morte que cai na ponta do teu dedão do pé podia ser você.
Agradeça.
Cala a boca retardada, não avise
os outros da realidade escancarada. Te faço de louca, te faço de depravada, te
meto um tiro na tua cara. A guerra já está armada antes da barriga da tua
ancestral se transformar nesta brasileirada.
Veja, meu amor... Olhe bem...
Agradeça, pensamento positivo, fica quieta e tudo vai ficar bem. Eu já torturei
Amélia, tenho linha e agulha também. Te empalo e costuro tua boca se me convém.
Reza, não faz mais nada, só
reza e pede o futuro que não vem.
Vocês já nasceram todos mortos,
aqui é o melhor inferno que tu tens.
Baú de Todos os Santos.